A criação artesanal é sempre artística e expressa emoções!


A criação artesanal é sempre artística e expressa emoções!

" (...) Ao pensar, conceber ou restaurar objetos, o artesão lida em primeiro lugar e em todo o processo construtivo com as emoções.

Em muitas situações, o artesão primeiro que tudo, sonha com uma determinada peça.

E assim que desperta coloca no papel, madeira, barro, metal ou outra matéria-prima qualquer, a emoção ainda presente e viva desse sonho.

Em todo este processo, o artesão lida com algo que não é exterior.

Trata-se de uma experiência solitária e de interioridade, que só é visível, entendida e apreciada, quando é exteriorizada no objeto artístico produzido.

E reafirmo artístico, porque mesmo que o propósito principal seja a funcionalidade, há sempre um lado estético, decorativo e por conseguinte artístico nessa peça.

Por isso, é que o resultado final das peças é por vezes tão belo.

O objeto «joga» com as emoções de quem cria e com as emoções de quem compra.

Quando adquirimos um objeto, para além da característica funcional que o mesmo possa ter, está implícito simultaneamente o nosso desejo de adquirir algo que seja também belo, agradável aos nossos olhos.

Há assim uma continuidade emocional que se inicia na interioridade do artesão, passa pela sua oficina e prolonga-se até ao espaço vivencial do comprador.

O aspeto emocional pode ainda ser encarado sobre a perspetiva da «entrega» de quem cria.

Porque o ato criativo é também momento de entrega, de luta e muitas vezes de dor e desapontamento.

Glassie diz que as coisas são consideradas trabalhos artísticos quando o ato criativo é de empenhamento, devoção, ou seja, quando as pessoas se transferem completamente para os seus trabalhos. (...) "

Sandra Nogueira in “A emoção e o prazer de criar, sentir e entender os objetosFonte

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