O artesanato está a renascer…


Olaria, cestaria, esmalte, tecelagem, batique, macramé...

Atualmente, assiste-se a um verdadeiro renascimento do artesanato. A um novo nascimento, dever-se-ia antes dizer, porque o artesanato de hoje não é muito parecido com o do passado.

Outrora, o artesão era uma parte integrante da comunidade. Ocupava o seu lugar no ciclo da produção.

O trabalho agrícola não era possível sem o correeiro, que trabalhava o couro para fazer os arreios das cavalgaduras, instrumentos indispensáveis para a lavoura.

Não havia nenhuma localidade sem um carpinteiro, que fazia os móveis de toda a comunidade.

E muitos outros artesãos - ferreiros, sapateiros, oleiros, tanoeiros, tecelões, etc. - produziam outros objetos de uso corrente.

Um papel marginal?

No sistema económico atual, o artesão desempenha unicamente um papel marginal.

Os seus produtos são geralmente mais caros que os de fabricação industrial e, com frequência, menos úteis.
O seu estatuto profissional assemelha-se mais ao do artista que ao do artesão de outrora.

E é assim que ele concebe a atividade que escolheu: se resolveu seguir essa carreira, foi porque o atraía o trabalho manual, a criatividade, a matéria, a beleza.

Elegeu-a para se sentir responsável pelo que faz e livre na realização do seu trabalho; para alcançar, enfim, certas compensações que as atividades profissionais de hoje, fragmentadas e
incompletas, raramente oferecem.

Uma decisão como essa envolve sacrifícios materiais.

Artesão? Artesão de arte? Artesão criador?

Qualquer que seja o qualificativo que se lhe dê, o artesão tem, a exemplo do artista, a obcecação pela peça original, apresentada em exposições de prestígio, uma forma de se dar a conhecer e de difundir a sua obra.

Mas, ao mesmo tempo, vê-se obrigado a preocupar-se com a rentabilidade do seu trabalho.

O regresso ao passado é impossível: a época em que a arte e a vida formavam uma unidade, em que o dinheiro contava pouco porque não havia bens de consumo, em que as exigências materiais eram menores... essa época acabou.

Fonte: Alfa Estudante – Enciclopédia Juvenil

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